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Margareth Dalcolmo fala de descobertas, redescobertas e decepções com a pandemia

A pneumologista, eleita personalidade do ano de 2020, se tornou referência nacional e internacional no enfrentamento à Covid-19

A pneumologista e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Margareth Dalcolmo, foi a grande convidada para a abertura da 19ª edição do Congresso Sabincor de Cardiologia. Pela sua incansável luta pela vida frente à pandemia de Covid-19, a especialista se tornou referência nacional e internacional como uma das principais vozes da ciência no enfrentamento à crise sanitária mundial.

Em sua apresentação, Margareth falou das experiências vividas e também do que se espera, afinal, segundo ela, não se pode falar de futuro sem revisitar o passado. Por isso, fez questão de mostrar uma página da revista Science de 1919, que já trazia como medida de bom senso tapar a boca quando tossir e evitar aglomeração.

Margareth também definiu uma linha do tempo, mostrando a evolução da medicina ao longo dos anos até se chegar ao feito que ela considera o mais extraordinário dos últimos 20 anos, que são as vacinas contra a Covid-19. Todas foram desenvolvidas em menos de um ano, sem que nenhuma etapa fosse burlada. Mesmo com toda essa evolução, a pesquisadora alertou sobre a chegada de novas epidemias. “Não é uma questão se vai ter ou não. É só uma questão de quando elas vão ocorrer”.

A doutora mostrou dados que antecederam a Covid-19 e garantiu que os chineses foram muito rápidos, assim como a ciência. “O maior celeiro de coronavírus não é a China, e sim a Amazônia. Se continuarmos tratando a floresta do jeito que estamos fazendo, podemos ter uma nova virose nascendo no Brasil”. Ela falou sobre as melhores medidas para se controlar uma epidemia e garantiu que as medidas não farmacológicas são fundamentais, porque suavizam a curva de transmissão, impedindo a falência do sistema de saúde.

O cardiologista arritmologista Humberto Campos Araújo e o pneumologista Júlio César Abreu de Oliveira foram os moderadores desse encontro. Profissionais de excelência em suas respectivas áreas, trouxeram muita contribuição para a dinâmica da palestra.

Doença tempestuosa

Outro ponto importante destacado pela pneumologista foi a forma como a epidemia chegou, caracterizada como uma doença bifásica iniciada por uma fase viral seguida de uma fase inflamatória, mas depois identificou-se que a Covid-19 não é uma doença linear, e sim customizada para cada paciente. “As coisas foram muito rápidas. A revista Nature publicou um trabalho que eu considero absolutamente seminal, em que descreve a Covid-19 como uma doença tempestuosa. É isso. Ela não é uma pneumonia atípica. Ela é uma doença da microcirculação, em todo o corpo, comprometendo todos os órgãos. E logo depois, o Eur Heart journal publicou e definiu a Covid-19 como uma endotelite, ou seja, uma doença do endotélio”.

Margareth falou sobre as descobertas, redescobertas e decepções da Covid-19 em 23 meses de pandemia. Mostrou estudos importantes realizados por brasileiros que ajudaram muito no combate à doença, e destacou outro ponto importante em termos de prognóstico que é a superposição de padrões na fibrose decorrente da Covid-19. A pesquisadora também comentou sobre as comorbidades. “A obesidade é considerada uma variável independente. Ela não precisa estar associada a nenhuma doença cardiológica, a hipertensão arterial, a hipertensão pulmonar. Ser obeso já é considerado um doente inflamado. O uso de corticoide sempre faz a diferença nesse grupo de paciente”, observou.

Sequelas da doença

Quarta dose em 2022 Dalcolmo declarou que foi muito dramático o impacto da Covid-19 sobre as doenças endêmicas no Brasil e exaltou as vacinas para a doença. “Hoje nós temos várias plataformas diferentes, que é como nós chamamos as vacinas. Ressuscitamos vacinas que não funcionaram para outras doenças, mas que funcionaram para a Covid-19. Em menos de um ano, nós criamos a vacina. já temos dose de reforço e vacinação de grávidas e adolescentes comprovadamente segura”, vibra a pneumologista.

Nas considerações finais, Margareth falou sobre o real tratamento precoce. “Estamos começando dois tratamentos com antivirais na fase 3. São tratamentos precoces que devem ser utilizados até o quarto dia de sintoma em pacientes com o teste positivo para a Covid-19”. Para a especialista, haverá necessidade de uma quarta dose, em 2022, para que a pandemia realmente seja controlada.

Uma questão preocupante são as sequelas deixadas pela Covid-19. Margareth apontou um estudo que orienta o cuidado aos pacientes sequelados. “Esse trabalho mostra que 80% das pessoas apresentam pelo menos algum sintoma, leve, moderado, eventualmente severo. 58% ficam com fadiga crônica, impedindo que retornem à normalidade.

Esses pacientes exigem hoje investimento, tanto da rede pública quanto da rede privada da saúde suplementar, em serviços multidisciplinares, eu diria mesmo transdisciplinares, que possam acolher milhares de pessoas e reabilitá-las. O maior desafio da medicina hoje são os pacientes sequelados pela Covid-19”, afirma.

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